quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

Corrupção no futebol



Faz décadas que o futebol deixou de ser esporte para tornar-se fonte de lucro e ganância. É também um canal vastíssimo de corrupção, propinas, "malas-pretas", negociatas e é hoje um reconhecido e eficiente instrumento para lavagem de dinheiro.

Jogadores parecem ser movidos exclusivamente pelo vil metal: não se vê mais o tal do "futebol-arte"...
A impressão que se tem é que a garra, o empenho ou o corpo mole do jogador dependem do punhado de notas em jogo - afinal, o que menos importa nesse pesado jogo é a bola.


Casos de resultados comprovadamente alterados por uma arbitragem comprada, passes de jogadores com valores não declarados às autoridades ou suspeitas de "mala-preta" para times entregarem a vitória ao adversário não são incomuns no noticiário, trafegando do caderno de esportes para as páginas policiais. Imaginem, então, o que rola num evento de dimensões mundiais...

Tramita na Justiça suíça um volumoso processo envolvendo dois cartolas brasileiros: João Havelange e Ricardo Teixeira. Há investigação em curso, também, pelo Ministério Público Federal do Rio de Janeiro.

Reportagem do jornalista Andrew Jennings, da BBC de Londres, atribui a Teixeira e Havelange o recebimento de propinas da extinta empresa de marketing ISL, que entre 1989 e 1999 foi a responsável pela venda dos direitos de televisão das copas do mundo e faliu em 2001.
O butim foi estimado em US$ 100 milhões. A Justiça suíça abriu investigação e os brasileiros investigados teriam realizado acordo com o Ministério Público para, mediante o pagamento de uma multa vários milhões de dólares (notícias dão conta de que seriam US$ 5,5 ou US$ 8,9 milhões) e outras condições, manter o processo e todos os seus dados em sigilo.


A pedido do Ministério Público, a Justiça suíça ordenou o levantamento do sigilo. Os investigados poderão recorrer.


Tribunal suíço manda Fifa divulgar documentos de caso ISL

27 de dezembro de 2011 | 17h 37

REUTERS
A Fifa recebeu ordens da Suprema Corte da região suíça de Canton of Zug para divulgar os documentos relacionados à falência de sua antiga parceira de marketing ISL.

A entidade que comanda o futebol mundial informou neste mês que foi forçada a atrasar a publicação dos documentos, que têm potencial incriminatório, após objeções de partes envolvidas.

Mas o presidente da Fifa, Joseph Blatter, também disse que segue determinado a publicar os documentos, como parte de seus planos de limpar a organização, recentemente alvo de denúncias de corrupção.

A Fifa informou em comunicado nesta terça-feira que não recorrerá da decisão do tribunal "pois ela corresponde à posição da Fifa e de seu presidente, Joseph S. Blatter, de abrir os documentos do caso ISL/ISMM".

A decisão do tribunal foi informada pela revista suíça Beobachter em seu site na Internet (www.beobachter.ch).

Um porta-voz da corte confirmou que uma decisão foi tomada, mas se recusou a dar mais detalhes.
Blatter anunciou em outubro que quer reabrir o caso sobre a falência da ISL, que quebrou em 2001.

Promotores suíços investigaram a falência da empresa, mas o caso foi encerrado após eles afirmarem que duas autoridades da Fifa -cujos nomes não revelaram- devolveram 5,5 milhões de francos suíços (6,1 milhões de dólares).
http://www.estadao.com.br/noticias/esportes,tribunal-suico-manda-fifa-divulgar-documentos-de-caso-isl,815849,0.htm

Justiça complica Teixeira e Havelange

Corte suíça libera o conteúdo de documentos que podem revelar o pagamento de propinas na entidade; brasileiros são principais alvos e ameaçam revide

28 de dezembro de 2011 | 3h 04

JAMIL CHADE / GENEBRA, CORRESPONDENTE - O Estado de S.Paulo
Uma corte suíça impôs uma dura derrota a Ricardo Teixeira e João Havelange. Pela primeira vez, a Justiça daquele país ordena a publicação de documentos que podem mostrar o envolvimento dos cartolas brasileiros em um esquema de pagamento de subornos que esteve presente nas entranhas da Fifa por anos, negando o pedido dos dirigentes para que o processo seja mantido em sigilo. A decisão provocou reação imediata. Os envolvidos, por sua vez, ameaçam divulgar documentos que comprometem o presidente da Fifa, Joseph Blatter.

Para a Corte Suprema do cantão de Zug, as informações devem ser publicadas porque são de "interesse público". Teixeira e Havelange têm 30 dias para recorrer da decisão.

Em 2010, a corte condenou cartolas da Fifa por terem recebido subornos de US$ 100 milhões (R$ 180 milhões) da ISL, empresa que comercializava os direitos de transmissão das Copas. Mas, pela lei suíça, se os envolvidos devolvem o dinheiro, o nome dos condenados é mantido em sigilo. O caso foi, então, encerrado e o procedimento penal não pode ser estabelecido.

Procuradores suíços tentaram anular esta confidencialidade e saber sobre quais bases o processo foi arquivado. Mas um recurso o mantinha em sigilo. Mesmo assim, uma investigação liderada pela BBC apontou que entre as pessoas envolvidas estão Teixeira e Havelange, que teve de pedir renúncia até do Comitê Olímpico Internacional (COI) há poucas semanas justamente por conta deste escândalo.

Mas os cartolas brasileiros poderiam ser ainda mais prejudicados. Jean François Tanda, um jornalista suíço, entrou com processo na corte de Zug solicitando acesso aos documentos, o que o procurador local concedeu já em duas ocasiões. Mas recursos apresentados pela Fifa, Teixeira e Havelange tentaram bloquear a difusão da informação.

Agora, foi a vez de a Corte julgar o caso e decidir que os documentos devem ser liberados, o que pode trazer problemas sérios para a permanência de Teixeira no Comitê Executivo da Fifa e ameaçar sua candidatura para a presidência da entidade em 2015. Com a revelação das informações, existe o risco de que um novo processo seja aberto.

Blefe. Desta vez, a Fifa garante que não entrará com recurso e promete usar justamente os documentos para mostrar sua transparência ao lidar com casos de corrupção. De quebra, ainda vai minar a credibilidade de Teixeira, visto como uma ameaça aos cartolas europeus. Mas a atitude da Fifa pode não passar de um blefe.

Se oficialmente a entidade insiste que deseja a publicação das informações, Blatter sabe que seu cargo pode estar ameaçado se isso ocorrer. Isso porque o presidente era o secretário-geral da entidade no período que este suborno foi pago e, segundo o escritor Andrew Jennings, o suíço sabia de grande parte do esquema de pagamentos de propinas.

Blatter já havia prometido a divulgação dos documentos no dia 17 de dezembro. Mas alegou que problemas legais o impediam de cumprir a promessa. O Estado apurou que não foram apenas os entraves na Justiça que o barraram, mas as ameaças de que escândalos envolvendo o seu nome chegariam ao conhecimento público.

"Chegamos a um ponto crítico", disse o jornalista Jean François Tanda, autor do requerimento na corte. "Mesmo com advogados poderosos, eles não conseguiram convencer o tribunal de que o assunto deveria ser mantido em sigilo", disse.

Tanda admite que tudo indica que o caso irá se arrastar ainda por 2012. Isso porque dificilmente uma das partes envolvidas no escândalo deixará de recorrer da decisão. "Mas teremos em algum momento uma decisão final e ela será muito relevante para o futebol", concluiu.
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,justica-complica-teixeira-e-havelange-,815955,0.htm




Virada

Fifa é obrigada pela Justiça a divulgar documentos que podem comprometer Teixeira e Havelange

NELSON BARROS NETO
DE SÃO PAULO


O presidente da Fifa, Joseph Blatter, foi obrigado ontem pela Justiça suíça a revelar o conteúdo do dossiê ISL, o maior escândalo de corrupção da história da entidade.

Considerado uma ameaça há alguns meses, o caso se tornou recentemente uma arma contra os principais rivais do suíço neste momento, os brasileiros Ricardo Teixeira e João Havelange.

O dossiê revelaria que os dois cartolas devolveram dinheiro de propinas após fazerem, junto com a Fifa, acordo para encerrar sob sigilo investigação criminal na Justiça de Zug, na Suíça, em 2010.

Tal acusação foi feita pelo programa "Panorama", da BBC, no ano passado. Sem provas, a rede britânica, assim como outros veículos e jornalistas, entrou com ação para encerrar o sigilo, decisão que só saiu agora.

As propinas seriam parte de um total de US$ 100 milhões (cerca de R$ 186 milhões) pagos pela ISL, ex-parceira de marketing da federação, a cartolas para garantir a exclusividade sobre direitos de TV e outros negócios relativos à Copa do Mundo.

Mas a empresa, que no Brasil chegou a fechar contratos milionários com Flamengo e Grêmio em 1999 (além de flertar com clubes de São Paulo), quebrou em 2001. O processo judicial de falência na Suíça acabou por revelar o pagamento de subornos, o que levou a Justiça do país a abrir uma investigação criminal.

Encerrado no ano passado, o processo era algo que a própria Fifa queria esquecer. A disputa eleitoral no primeiro semestre deste ano, porém, fez Blatter mudar de ideia.

Diante de acusações de corrupção na escolha das sedes das Copas de 2018 e 2022, o presidente da Fifa viu sua reeleição ameaçada, entre outros, pelo grupo comandado por Teixeira e Havelange.

Desde então, vários dirigentes foram afastados da instituição. Com o discurso de limpar a Fifa, Blatter prometeu em outubro reabrir o caso ISL, o que agora está obrigado a fazer. "Estamos cientes da decisão e não vamos recorrer, até porque esse é o posicionamento da entidade e do presidente Blatter", disse a assessoria da Fifa à reportagem por e-mail.

Outros envolvidos têm 30 dias para tentar um recurso.

Publicamente, Blatter havia prometido liberar o dossiê neste mês. Porém, há pouco mais de uma semana, durante o Mundial de Clubes no Japão, alegou o bloqueio judicial para adiar o assunto.
"A Fifa não está na posição de fazer qualquer declaração relativa ao conteúdo enquanto o dossiê não for publicado", completou, por meio de nota, a assessoria do suíço.

Também procurada, a CBF se limitou a declarar que a nova decisão é "indiferente".
Principal executivo da Copa no Brasil, Teixeira já está em posição bastante desconfortável com o governo. Seu último ato foi trazer Ronaldo para fazer parte do comitê.

Havelange, por sua vez, renunciou ao cargo vitalício que tinha no Comitê Olímpico Internacional, que também investigava o caso ISL.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/esporte/17164-virada.shtml (só assinantes FSP/UOL)

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Notas do blog:

1 - Se você entende alemão, o que não é o meu caso, a íntegra da sentença está disponível aqui:
http://www.beobachter.ch/fileadmin/dateien/Online_Only_Bilder/2011/Fifa_Obergericht_Zug.pdf


2 - O video da reportagem de Andrew Jennings para a BBC (em inglês) você pode acessar aqui:
http://www.sportpost.com/video/view/FIFA+Footballs+Shame++Panorama+BBC


3 - Confesso: se tem uma coisa que me desagrada e irrita é ver os logotipos de patrocinadores nas camisetas e calções dos times, cada dia mais chamativos e numerosos, ocultando as cores e o emblema de cada agremiação. Advertising space, poluição visual, painel de publicidade - nada mais.

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