sexta-feira, 15 de maio de 2015

O Rei do blues e os Ascari

 No começo de 2010, fomos  ver o show de B. B. King na extinta Via Funchal (era a melhor casa de shows de São Paulo! fechou de uma hora para outra...)

O Rei do blues e sua inseparável Lucille (como ele batizou sua guitarra) nos brindaram com um show incrível, de cerca de duas horas.

Um B. B. King já idoso, acima do peso, andando com dificuldade, que precisou de amparo para entrar no palco. Ficou o tempo todo sentado numa cadeira. Mas firme na sua arte e na sua Lucille.

O brilho de seus olhos podia ser visto de qualquer canto do recinto.

A técnica, a musicalidade, a facilidade com que ele manuseava Lucille eram impressionantes, hipnotizantes. Um verdadeiro mago. Mestre. Simples. Pura emoção. Parecia o avô de alguém mostrando aos mais novos como se divertir com a música. Mas também transmitia um sentimento profundo em cada nota, em cada arranjo. A música simplesmente fluía.

Terminado o show, corremos para a beira do palco com um LP nas mãos (sim, amigos, nós colecionamos vinis!), pois haviam dito que ele costumava ficar por ali depois do show, dando autógrafos e conversando com os fãs. Fomos informados de que naquela noite, excepcionalmente, o Rei não atenderia os fãs pois tinha viagem marcada para outro país logo em seguida.

Meio murchos, pegamos o carro no estacionamento e rumamos para casa, embora muito felizes de ter tido a oportunidade de ver o Rei em ação.

Cerca de 3 quarteirões depois, num farol, vimos um rapaz na esquina ajoelhar-se e fazer uma saudação de reverência com os braços. Por um momento achei que o sujeito era mais um dos malucos que transitam por São Paulo até perceber que, bem na frente do nosso carro, estavam três veículos Audi, sendo um preto na dianteira, um maior dourado no meio e outro preto em terceiro lugar. Raciocínio rápido: o patrocinador do show era a Audi - imediatamente a ficha caiu: estávamos, por obra de Deus e do destino, bem atrás do carro do Rei!!!!

Resolvemos segui-lo. Vejam bem: segui-lo - não persegui-lo. Mantivemos a discreta posição de quarto carro da comitiva, que seguiu até o Hotel Intercontinental, na Alameda Santos, em São Paulo.

Na pérgula de acesso ao hotel, os Audi pararam. Descemos do carro deixando as portas abertas e o motor ligado, o que alertou os seguranças do Rei. Em inglês, meu filho disse que era apenas um fã à procura de um autógrafo. O Rei estava descendo do carro. Olhou para ele, sorriu e fez um sinal de aproximação com a mão, dizendo: C'mon, boy!

Com a capa do disco e caneta na mão, nos aproximamos emocionados, despejando frases como "You´re the best", 'It's an honour", "We love you", "You're an inspiration"  e outras, para Ele  provavelmente desconexas. O Rei assinou o disco, posou para uma trêmula foto (feita por mim com o celular) com seu jovem fã  e - sempre sorrindo! - apertou a mão dele e disse "Good night, thank you guys" e entrou no hotel para o merecido descanso.


Uma foto, que virou um quadro.

Um disco autografado, que não tem preço.



Um momento mágico, único, que ficará para sempre em nossas mentes e em nossos corações.


Brilhe lá no céu, B. B. King! You are the best.